Dois portugueses fazem parte da equipa de cientistas Descoberto o primeiro gene responsável pela doença obsessiva-compulsiva
Pensam que têm as mãos sujas e lavam-nas tantas vezes que chegam a ficar em ferida. Ou
acendem e apagam a luz um número específico de vezes, quando entram numa sala. Ou
pensam que deixaram a porta de casa aberta e voltam atrás múltiplas vezes. Os doentes
obsessivos-compulsivos são atormentados por este tipo de pensamentos obsessivos, que
tentam aliviar com rituais repetidos compulsivamente. Uma equipa de cientistas revela hoje, na
revista Nature, a descoberta do primeiro gene implicado nesta doença, por agora em ratinhos.
Foi uma descoberta que resultou de um acaso feliz. Os cientistas da equipa de Guoping Feng,
da Universidade de Duke (EUA), não estavam a estudar a doença obsessiva-compulsiva nem
Estudavam as proteínas (cuja produção é comandada por genes) existentes numa estrutura do
interior dos neurónios chamada "densidade pós-sináptica", que recebe a informação enviada
A certa altura, os cientistas testaram uma família de quatro proteínas presentes na densidade
pós-sináptica. Começaram por "apagar", em ratinhos, os genes que comandam o fabrico
dessas proteínas, para ver o que acontecia. Ao fim de quatro a seis meses, alguns desses
ratinhos, que no início pareciam normais, começaram a desenvolver um comportamento
estranho. Coçavam-se e ajeitavam o pêlo no focinho tantas vezes que provocavam feridas em
Eram todos ratinhos que não conseguiam produzir a proteína Sapap3. Quando a estudaram, os
cientistas verificaram que é particularmente abundante numa determinada parte do cérebro: o
Foi aí que surgiu a relação com a doença obsessiva-compulsiva, porque, nos humanos, este
distúrbio já tinha sido associado ao estriado. Os doentes apresentam lesões ou diferenças de
funcionamento nessa zona cerebral. Mas nenhum estudo conseguiu apontar o dedo a um ou
A vida diária destes doentes pode tornar-se um tormento com os pensamentos e rituais que
não conseguem evitar. O problema pode manifestar-se em vários graus e com formas
diferentes; os mais graves afectam cerca de dois por cento da população mundial. Há casos
em que os doentes puxam compulsivamente o cabelo. A fixação pela organização e disposição
simétrica dos objectos pode ser outra das manifestações, assim como a recolecção compulsiva
dos objectos mais díspares, de jornais a rolhas de cortiça.
Outro mensageiro Agora, através dos ratinhos, estabeleceu-se pela primeira vez uma relação de um gene com a
doença. "Descobrimos que este gene causa a doença em ratinhos. Vamos ver se ele está
activo em humanos e se, quando existem mutações, conduz à doença. Temos muita
esperança que sim", diz João Peça, um dos autores portugueses do artigo, assinado em
primeiro lugar por Jeffrey Welch. "Mas, mesmo que este gene não cause a doença em
humanos, os ratinhos são um bom modelo que vai permitir estudá-la." Até agora, não existia
Para tirar dúvidas quanto aos resultados, os ratinhos receberam um dos tratamentos aplicados
aos obsessivos-compulsivos: fluoxetina. É a substância activa do famoso Prozac, que aumenta
a presença de serotonina, um dos mensageiros químicos usados pelos neurónios para
comunicar entre si. Os animais responderam ao tratamento: tal como nos humanos, a
fluoxetina alivia os sintomas em 50 por cento dos casos. "Os ratinhos coçavam-se muito
menos", conta a portuguesa Cátia Feliciano, também autora do artigo. Para não restarem
dúvidas, o gene foi introduzido em ratinhos recém-nascidos em que tinha antes sido "apagado",
o que impediu a maioria dos animais de desenvolver a doença.
Afinal, o que faz a proteína fabricada por ordem deste gene? Funciona como um esqueleto,
que sustém à sua volta outras proteínas importantes na comunicação entre neurónios,
responde Cátia Feliciano. Ou, como diz João Peça, é um andaime na membrana dos
neurónios, que serve para agarrar outras proteínas.
E o mensageiro químico utilizado nessas comunicações, o glutamato, é outra surpresa do
artigo. Além da serotonina, que reduz a ansiedade nestes doentes, pode agora ser um novo
alvo para desenvolver fármacos que actuem sobre esse circuito de comunicação, sublinha
Christine Kohut make up + hair Advertising Roots, Holt Renfrew, Harry Rosen, The Body Shop, De Beers, Hazelton Hotel, Bluenotes, Randy River, Tall Girl, The Bay, Levi’s, Santana Jeans, Jean Machine, Coca Cola, Hennessey V.S.O.P, Petro Canada, Sunoco, Basic Red, Telvest Mutual Funds, TD Canada Trust, IBM, Linda Lundstrom, Samsung, Woodbine, Sunwing Vacations, KIA, Loblaws, Movieline.